"Mudaram as estações, nada mudou

Mas eu sei que alguma coisa aconteceu

Está tudo assim tão diferente..."

Era distinto.
Um parto de sentimentos que não conhecíamos, que rasgava tudo por dentro de nós, tudo que ainda nascia em mim para você.
Não houve tempo para ensaios, cartas de despedida, telefonema, email...Não houve tempo de saber que íamos nos desencontrar.
Eu só entendia do amor, e somente suspirava mais te amar. E você me fazia sua criança, seu pretexto de felicidade constante.
Mas hoje, as músicas de Chico que você dedilhava sob o sol dos meus olhos soam aos meus ouvidos como um desconhecido tema. Sem letra, sem canção, rima e métrica...sem respostas. Apenas o que sobrou de nós dois perdidos, sem nome, sem entendimento, buscando um céu perene para se reencontrar.
Nessa imensidão de tanto silêncio que nos afasta, os olhos marejados da noite aquém do que verdadeiramente sentimos são os mesmos que nos enxerga além desse destino, que para nós que somos o amor, o desejo e tudo o mais, é mutável.
Mas estamos em pausa.
E sem nenhuma estrela guia que faça o peito brilhar. Pulsar, como na certeza de onde mora todos os sentimentos que nos firmaram.
Mas diante de tanto amor, de sermos um e sempre tão certos,
Você nos aceitaria sem respostas? Você nos aceitaria em silêncio até que o tempo falasse por nós?
Porque eu sem você sou uma metade sem história,
E sei que você distante dos meus olhos se torna refém desse vazio.