outubro 15, 2009

O par


Ainda não era o breu da noite quando aquela música soou aos seus ouvidos. Era uma penumbra suficientemente nítida para que ela enxergasse dentro de si todas as possíveis querências que, naquele instante súbito a fazia adentrar aquele plano distinto em que sentia apenas o seu par.
A melodia de anjos que fazia seus lábios se alargarem e seus membros dançarem silentes em perfeita harmonia, elevou o brilho que nascia dos seus olhos ao céu. E estendida sobre aquele mato fresco, ela observou furtivamente aquele par de estrelas que seduziam seus instintos.
Somos nós! Pensou ela sorrindo os seus lábios cálidos e enfeitiçados por aquele sinal que fazia seu coração explodir em certezas.
Adormeceu os olhos como quem sonha. E sentiu a pureza do seu par passeando por dentro...
Sorriu mais uma vez, agora na calma que ela lembrara ser dele. E a alma estendeu-se por todo aquele querer absoluto e os elevou ao paraíso daqueles que acreditam.
Tão leve, sublime! Tão eles!
E ela sabia que de todos os quereres, aquele por seu par purificava suas sentimentalidades e a fazia uma menina, inocente de amor, livre de maldade e grande de pureza
Viajou então para além de tudo que já sonhara. A mente fervia e o coração ansiava por uma plenitude que ela sabia existir nele.
Sentiu a pureza dos anjos em cada vento de saudade como as mãos dele, ternas, que acalentaram sua face quando as almas num acordo afetivo e os olhos numa conspiração divina, se encontraram.
Sentiu seu par com todas as suas formas, versos e sentidos. O sentiu como um desenho perfeito de Deus no seu céu de algodão.
E desejou que o vento a soprasse para seus braços, onde tudo era calma, completude e amor.

*Inspirado no relato de Alice sobre Pedro.

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